quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

SONHEMOS


Com o riacho encantador que murmura,
Com os perfumes suaves dos bosques,
Com os alegres ruídos sob a ramagem,
Sonhemos, pois, ainda uma vez!

Sonhemos!... Sonhemos que o espinheiro
Perfuma os prados ao redor
Conforme a rosa silvestre,
Sonhemos que maio está de volta!

Sonhemos com a brisa que pende,
A haste das flores pela manhã,
Com o musgo em que a pervinca humilde
Evita a borboleta liberta.

Sonhemos com a pérola que treme
No cálice da flor,
Com o inseto dourado que parece
Ali procurar o suave frescor

Sonhemos com o canto melancólico
Do rouxinol na sarça,
Sigamos a música alegre
Do pardal e do tentilhão,

É a andorinha matinal
Que nos envia um alegre bom-dia,
A pomba sentimental
Que já sonha com seu amor!

Eis o raio puro que doura
Cada um desperta; é a aurora.
De um radioso dia de primavera.

E tudo na Natureza inteira,
Os pássaros, a brisa, a flor,
Repete a prece eloquente
De amor, que sobe ao Criador!

Ah! Para nós também acaba de entreabrir
Um suave raio de verdade
Saudemos a tímida aurora
Do grande dia de fraternidade!

Pois bem, eis que nosso sonho
Nos transporta e nos torna felizes,
Peçamos a Deus que ele termine
Perto dele nos céus!

J. Mery.
Novembre 1869

W.Krell - Rayonnements de La Vie Spirituelle Reflexos da Vida Espiritual - Léon Denis.

Um comentário:

Rogério Mota disse...

Límpido poema, dúlcida inspiração, felizes pensamentos ornados com a arte espiritual genuína... A pobreza da linguagem humana teve registrado um momento magistral, do mágico amor que nos toca a sensibilidade destreinada... mas não de toda distituída de esperança com relação a vitória do bem nos nossos mínimos pensamentos. Deus nos abençoe. Rogério Mota