segunda-feira, 6 de outubro de 2008

CONVERSA DA MÉDIUM IRENE MACHADO COM O DR. SCHUBERT(Espírito)-01/09/2008


Hoje se discute sobre as células-tronco e, no momento, o assunto palpitante é se a mãe tem o direito de abortar seu filho com anencefalia. Como sabemos, a ocorrência de anencefalia — ausência total ou parcial do encéfalo nos fetos — é mais comum no Brasil do que se imagina. O que o irmão, como médico e cientista, pode falar-nos sobre o assunto?

O Espiritismo deve seguir as metas propostas pelos codificadores. Ninguém tem o direito de alterar o que está grafado em O Livro dos Espíritos e nele encontramos, no Capítulo I, item 59, o real pensamento da filosofia espírita. No final deste capítulo lemos: "As idéias religiosas, longe de perderem alguma coisa, se engrandecem, caminhando de par com a Ciência. Esse o meio único de não apresentarem lado vulnerável ao ceticismo." Hoje, vemos ditos religiosos ostentando bandeiras, comparecendo a audiências públicas, dizendo-se defensores da vida. Não seria mais prudente esses irmãos, que se dizem seguidores do Cristo, procurarem unir-se em prol do crescimento moral da Humanidade, deixando para as autoridades competentes o dever dessa tarefa e os religiosos se unirem para o crescimento da ética, do amor e da moralidade?

Que busquem trabalho nas suas casas religiosas, levantando paredes, primando pela limpeza física e espiritual, tornando suas paróquias, templos e casas espíritas tabernáculos de Deus, lutando por um mundo sem miséria, sem drogas, sem violência. Olhem os tabernáculos, que deveriam ser de Deus, e que hoje muitos deles mais parecem bolsa de valores. Transformem suas casas religiosas em pontos de luz para os que vivem em trevas. Que se unam as religiões em prol da vida, dando à família a orientação de como devam educar a criança desde o berço. Esta deve ser a missão de uma casa religiosa: iniciar o fortalecimento do exército do Cristo, porém sem armá-lo com pedras pontiagudas atiradas em direção a crenças diferentes da sua. Não, isso não. A união deve ser em prol da fé, contra os inimigos do Cristo, que, com facilidade, estão aprisionando crianças, jovens e adolescentes.

Antigamente, as religiões ajudavam as famílias a educar seus filhos. Hoje, muitos delas estão preocupadas em tornar lotadas as suas igrejas e não é esse o propósito de Jesus. Ele não veio para atacar, mas para ensinar, e hoje deve olhar seus ditos seguidores e perceber que estão com sérios problemas auditivos, pois vivem gritando o Seu nome — parece que para eles próprios escutarem — mas nada estão fazendo pela vida, por uma vida melhor no planeta, hoje estão agredido pela falta de moralidade e de respeito à paz.

Por que não se unem as religiões por um mundo de amor? Se educarmos a criança, ela será um jovem cristão, e se encontrar o Cristo, não vai se drogar, matar, prostituir. Por que os "donos" das religiões não acordam desse torpor em que estão vivendo, querendo ornamentar suas casas, lotá-las de adeptos, mas sem colocar o amor no coração do homem, juntamente com a fraternidade? Quem se diz seguidor do Cristo não despreza os que freqüentam sua igreja. Um verdadeiro cristão vê irmãos em todos os seres criados por Deus.

Preocupa muito a nós, espíritos, a falta de fraternidade não só de uma crença para com outra, porém ainda mais entre os espíritas, que deveria formar um grande exército do Cristo, pois a Doutrina Espírita é orientada pelo Alto. Os espíritos é que deveriam elucidar os encarnados e hoje muitas casas espíritas rejeitam as orientações dos espíritos, seguindo apenas suas próprias vaidades. Não compreendemos por que alguns espíritas atacam os próprios espíritas. São inquisidores cruéis, só não queimam alguns livros talvez por preguiça, pois preferem o ataque cruel das palavras. Com tantas dificuldades com as quais hoje vive a sociedade, algumas dessas casas espíritas ainda desejam apenas doutrinar espíritos, correndo atrás dos fantasmas, esquecendo de dar leite e mel para alguns de seus freqüentadores, que estão vivendo na miséria.

Dizem alguns ditos grandes espíritas: "lutamos pela pureza doutrinária" ou "o Espiritismo não tem dogma, altar, líder religioso, paramento". Como eles têm coragem de dizer isso, se mais parecem autoridades da fé, que sequer cumprimentam os que freqüentam suas casas ou visitam outras casas espíritas, julgando-as anti-doutrinárias? Não sabemos que doutrina professam; a nossa, a codificada por Allan Kardec, certamente não é. Nossa Doutrina Espírita é translúcida e nela não há lugar para falsos profetas, seres orgulhosos e pseudosábios que desejam ser os donos da verdade. Enquanto essas ditas casas espíritas brigam entre si, presenciamos uma sociedade doente e a humanidade cada vez mais materialista: lares ruindo, crianças pulando etapas, jovens se prostituindo e iniciando suas relações sexuais muito cedo. Enquanto alguns ditos espíritas só sabem criticar os próprios espíritas, eles não notam que seus próprios filhos nada conhecem de Doutrina; que seus filhos e netos consomem álcool e vivem nas baladas, vestindo-se não como futuros homens e mulheres de bem. Porém, infelizmente, eles, os falsos espíritas, não estão preocupados com a família humana, com os filhos de Deus, que têm de lutar para permanecer no planeta azul. Não. A preocupação deles é fazer belas palestras, elogiadas e aplaudidas; é comparecer a congressos nos quais seus nomes aparecem em letras garrafais: doutor em filosofia, médico, teólogo, engenheiro etc., enquanto o que deveríamos ver era somente uma ficha, na qual estivesse escrito: trabalhador de Jesus.

Desculpe, irmã, o rumo que tomou nossa conversa, mas para responder à sua pergunta tivemos de abordar este assunto: a falta de amor ao Cristo. Um seguidor do Cristo tem de servi-Lo com lealdade, nunca com vaidade. No Antigo Testamento encontramos, em Ezequiel, Cap. 2: "O profeta recebe a sua missão", v. 2: "Logo que ele me falou, entrou em mim um espírito e eu me pus em pé." No verdadeiro espírita, o espírito entra em seu coração e ele se põe em pé e sai a semear amor, jamais em busca de aplausos. Se ele deseja se tornar um espírita verdadeiro, estuda, e muito, O Livro dos Espíritos, e quem estuda e se alimenta das palavras dos espíritos não vai contra a Ciência, porque nosso querido e amado Allan Kardec com mestria afirmou: o Espiritismo deve caminhar lado a lado com a Ciência. Ele jamais deverá desejar ultrapassá-la ou ir ficando para trás, pregando o fanatismo doente e ignorante. Se a Ciência provar que as células-tronco irão melhorar a condição de vida do homem, quem é o Espiritismo para ir contra o progresso? O Alto tem o poder infinito de Deus, Ele é o nosso maior Comandante. A Terra está evoluindo na parte física, porém, como o homem está dificultando o avanço moral da Humanidade! Mas Deus está atento e não permitirá, como Autoridade que é, que o homem destrua Suas obras, e a mais importante delas é o ser, o espírito.

Na qualidade de estudioso, não sou contra nem a favor das células-tronco, contudo, oro pela felicidade e pela saúde de cada encarnado e confio na Ciência. Os cientistas são mensageiros de Deus que trabalham para o progresso do planeta e devemos respeitá-los. Para julgá-los devemos olhar o progresso da tecnologia. Alguns a usam para o mal, mas todos os avanços que o progresso trouxe à Humanidade são bênçãos com as quais Deus nos presenteia. Quanto ao nascimento ou não dos fetos anencéfalos, só podemos dizer: eduquemos o homem e ele não praticará a injustiça.

A Terra está girando em uma seqüência alucinante: é o planeta que se aproxima da fase de regeneração e junto a toda essa preparação estão chegando os avanços da tecnologia. É o progresso, mas junto a ele também está presente o materialismo do homem, sua ignorância sobre a própria vida e os seus compromissos reencarnatórios. Hoje, o homem só deseja crer naquilo que seus olhos divisam. Muitas famílias acordam e chegam à noite como se animais fossem, completamente sem Deus, sem amor, sem respeito aos semelhantes. O progresso aí está e, com ele, a Ciência vai ficando cada vez mais poderosa. Seria bom se o homem a acompanhasse, mas isso não ocorre, e aí nos deparamos com fatos que não sabemos ser certos ou errados, como o caso dos fetos anencéfalos, que hoje nascem no Brasil um a cada três horas.

Ontem, anos atrás, a genética tinha condição de nos fornecer esses dados? Claro que não. Daqui a alguns anos a mulher continuará a mesma, seu corpo não mudará, será tudo o mesmo método: fecundação, gestação e parto, o qual atualmente está bem mais confortável, apesar de ainda desencarnarem muitas mulheres nos partos. A Ciência receberá do Alto elucidações para saber as características genéticas do feto e a mãe poderá escolher não somente o sexo, mas a cor dos olhos, dos cabelos etc. E daí, se daqui a alguns anos começarem a nascer somente crianças de olhos azuis? As religiões, as autoridades, todos terão de levantar bandeiras em protesto. Não acham melhor educarmos a família, a garotinha voltar a brincar com boneca, em vez de estar nos salões fazendo unhas, cabelos e limpeza de pele? Será que essas meninas precoces terão forças suficientes, serão amanhã grandes mulheres para defender seus filhos, ou o farão apenas por suas capacidades ou pela beleza física? Será que os defenderão com toda a força que possuem, com coragem, com a maior arma que Deus nos deu: o amor? A verdadeira mulher, aquela que tem alma e coração, que desde tenra idade foi educada para louvar a Deus, será que essa mulher abusará do progresso e pedirá para ter somente filhos louros, cabelos lisos, pele rosada, olhos azuis? Ou, dada sua educação divina, ela, antes de tudo, será Mulher com M maiúsculo, e não apenas um corpo feminino com coragem suficiente para opinar corretamente? Essas garotinhas de salão de beleza, as jovens que têm agendas do "fiquei", as moças que colocam piercing e que ganham olimpíadas do sexo, esse tipo de mulher é que deve assustar os religiosos e os espíritos. Sim, essas mulheres estão brincando com o progresso.

A cada ser Deus presenteou com a individualidade e o livre-arbítrio, portanto, deve ficar nas mãos da mulher o direito da vida ou da morte. Que os religiosos voltem para suas paróquias, para seus templos e para suas casas espíritas, porque infeliz daquele que negligenciar as leis de Deus. Cada casa religiosa e cada lar tem por dever educar a criança, o jovem e o adolescente, alertando o homem de que o Espírito é eterno, mas que a veste física é frágil e teremos de devolvê-la um dia. Tenhamos cuidado com nossos atos. Que não só coloquemos a responsabilidade para as autoridades julgarem, mas que tenhamos igualmente o bom senso para arcar com as responsabilidades dos nossos atos. Assim é a lei.

Matéria gentilmente enviada pelo Dr. Professor Jorge Hessen.

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